Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida
Mia Couto, em "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Lindissimo poema,
ResponderEliminarGrato pela partilha.
Beijo.
Que bonita y que delicada me gusta.
ResponderEliminarUn besazo
¡Huy!
ResponderEliminarEsta entrada la he visto yo en otro lado...
Tampoco tengo ninguna dificultad en leerla. Me voy a "Noite de tormentas" y ya está.
Besos.
Sempre me encantam, e surpreendem, os versos de Mia Couto!
ResponderEliminarBjs!