domingo, 22 de agosto de 2010

Invento-te... Invento-me...





Invento-te

Invento-me

Sem formas

Nem cor

Nem perfis

Nem tela!

Nós dois...

Esculpidos

No silêncio de uma praia

Que a anarquia do mar

Afaga e flagela!

Invento-te

Barco transparente

Em indecisos traços

Adivinhando

Ais libidinosos

No sexo da água

Em que me torno

Ousada ondulada bela

A estremecer

Quando de manso

Me rasga capitosa

A volúpia acerada

De uma vela...


Julieta Lima


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Era uma vez...




Era uma vez... uma menina que nasceu para ser feliz, Felicidade se chamava.
Foi a única filha de um casal que lhe proporcionou uma infância feliz. A Felicidade foi educada com todo o carinho. Entrou para a escola com seis anos e a mãe fez-lhe uns bibes muito lindos de popelina e bordado inglês. Estudou nos melhores colégios. Toda a vida foi uma sonhadora. Sonhava encontrar um príncipe encantado. Tinha sido preparada para isso, para casar-se com um príncipe rodeada de criadas e aias sempre às suas ordens, exactamente como se de uma princesa se tratasse.

Este foi o seu sonho que uns anos mais tarde passou a ser pesadelo. Ela não tinha sido preparada para a vida cruel que a rodeava e que ela repudiava. Casou com um plebeu pobre que lhe proporcionou uma vida de quase pobreza e um filho maravilhoso. Pode-se dizer que viveram uma vida de ilusão, sempre viveram para além das suas possibilidades, sonhando com o dia em que seriam ricos e que se tornariam reis de um reino de faz-de-conta. O seu reino ficava nas nuvens de um céu longínquo. Não queriam regressar à Terra, sabiam que se regressassem a sua vida dariam uma volta de 360 graus. E assim viveram ali durante muitos anos.

Até que um dia o plebeu pobre desistiu de viver naquela vida de faz-de-conta. Regressou à Terra e sem se dar conta abandonou tudo e todos para nunca mais voltar.

A Felicidade ficou só no seu reino com o seu filho e verificou com amargura que até o seu nome tinha desaparecido, já não era mais Felicidade, agora chamava-se Angustia. Quem a vê passear com o filho, os seus "súbditos" têm pena dela e todos a cumprimentam à sua passagem. Ela continua a sonhar voltar a recuperar o seu antigo nome. Sabe que vai ser difícil. Angústia está a preparar-se para enfrentar o futuro com a ajuda de um amigo muito querido que conheceu há muitos anos, algum tempo antes de ter subido ao reino do faz-de-conta. Ela está muito confiante, sente no seu intímo que vai conseguir e está a fazer um esforço para melhorar a sua vida.

Vai deixar em breve o reino em que ela deixou de acreditar e terá que aprender a viver com os pés bem assentes na Terra pois só assim conseguirá ser feliz.

Flor

domingo, 1 de agosto de 2010

Inscrição na Areia





Inscrição na Areia

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

O meu amor não tem
importância nenhuma.

Cecília Meireles

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