sexta-feira, 4 de março de 2011

No sal de seus olhos







Fotografía de Jose
http://marazulmalaga.blogspot.com


Nenhum caminho é acessível
à tremenda brancura da espuma
que as marés enfurecidas enrolam
nos rochedos enquanto os marinheiros
sussurram, entre eles, a demência
das mãos pregadas ao leme,

antecipando a posição das estrelas
no sal de seus olhos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Poema





Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé ao meu ouvido

Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido

Primeiro a floresta e em seguida
o bosque
mais bruma do que neve no tecido

Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo

Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido

Ele trepa de manso e logo tão voraz
que da luz é a noz
e depois o ruído

Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho

Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho

Sinto-o quando chega no arrepio
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido

À medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo

Maria Teresa Horta

sábado, 29 de janeiro de 2011

Encho os olhos de mar






Encho os olhos de mar
e abro, de par em par,
os meus sentidos,
para deixar passar
todos os barcos perdidos.



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Um canto à vida...







Plenitude


O relógio cessará o seu caminho
embora todas as cordas se partam.
Não deixa de ser primavera
só porque chegou o inverno,
E o sol segue brilhando
ainda que a lua alargue o seu mirar.

Não se termina de imaginar ao abrir os olhos,
aí começa outra vez outra vida.
Ao descobrir a manhã – tudo volta a nascer -
Inclusive a noite trina a escuridão.

Não envelheceremos os que nascemos,
só cai a folha nunca a raiz
y menos a seiva que é invisível, para as almas anciãs.

Não apodrece a doçura,
na sua fronte não leva a marca de validade;
nem a senda morre por falta de caminhantes.
Segue o sussurro dos sinos
nos ouvidos que recordam a sua voz e não declinam,
por não encontrar peregrinos do silencio.



Este momento é tão breve…
                                  que não tem fim.

                                                                                              Anouna


(Tradução de Flor)


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