sábado, 29 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Um canto à vida...







Plenitude


O relógio cessará o seu caminho
embora todas as cordas se partam.
Não deixa de ser primavera
só porque chegou o inverno,
E o sol segue brilhando
ainda que a lua alargue o seu mirar.

Não se termina de imaginar ao abrir os olhos,
aí começa outra vez outra vida.
Ao descobrir a manhã – tudo volta a nascer -
Inclusive a noite trina a escuridão.

Não envelheceremos os que nascemos,
só cai a folha nunca a raiz
y menos a seiva que é invisível, para as almas anciãs.

Não apodrece a doçura,
na sua fronte não leva a marca de validade;
nem a senda morre por falta de caminhantes.
Segue o sussurro dos sinos
nos ouvidos que recordam a sua voz e não declinam,
por não encontrar peregrinos do silencio.



Este momento é tão breve…
                                  que não tem fim.

                                                                                              Anouna


(Tradução de Flor)


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Receita de Ano Novo







Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond

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